quarta-feira, 27 de maio de 2015

Causos

O QUE É UM CAUSO

Causo é uma história (representando fatos verídicos ou não), contada de forma engraçada, com objetivo lúdico.Muitas vezes apresentam-se com rimas,trabalhando assim a sonoridade das palavras.São conhecidos também como causos populares e já fazem parte do folclore brasileiro.

Exemplo de causos populares: o causo do burro, a história de Zebedeu,etc.
Por Dicionário inFormal (SP) em 04-05-2000.

 São relatos orais e tradicionais de contornos que têm aparencia de serem verdadeiros e com fatos relacionados ao mundo maravilhoso e do sobrenatural. Podem mencionar fatos possíveis, como também podem mencionar animais dotados de qualidades humanas e episódios com abstração histórico-geográficos, como por exemplo criar um mundo e uma data diferentes do mundo real.

(Ex: A história do Burro Falante,  O reino das águas claras )

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=200810080


         CAUSOS DO ZEFERINO 
        Autora:Maria José Macêdo
        PRIMEIRO EPISÓDIO:
    O MONSTRO DO BURACO MAL ASSOMBRADO

Narrador  - O Zeferino é um contador de causos, de histórias reais e inventadas. Dizem que seria o melhor contador da região, não fosse as trapalhadas do Duquinha, menino engenhoso, que sempre dava um jeito de entrar nas histórias e nos causos do Zeferino.
Vamos ver um pouquinho dessas trapalhadas?
Zeferino _ Homem mais velho, cabelos grisalhos saindo por baixo de um chapéu, roupas folgadas:
             - Oi pessoal! Meu nome é Zeferino e tô aqui pra contar uns causos pra ocês. E tem cada causo de arrepiar. Se bem que os causos mais doido mesmo é do menino Duquinha. O danado inventa cada conversa atravessada e ainda diz que é de verdade. Parece coisa de imaginação, coisa de outro mundo e o traquina afirma que viveu aquilo tudinho. E tem mais! Quer que a gente acredite e ainda diga que também tá vendo tudo que é maluquice que ele diz que vê.
Duquinha_ Menino magrinho, idade entre seis e dez anos, cabelos vermelhos e arrepiados, olhos grandes, badogue pendurado ao pescoço,vestindo camisa de quadro e bermuda curta, folgada e com suspensório.
        - Seu Zé.....Seu Zé......ou seu Zeferino? Seu Zeferino cadê o senhor seu homem? ( voz do  menino Duquinha, com entonação de medo).
        - Falar no cão, aparece o rabo! Num falei? Pois oia aí o danado do menino! (olhando pra trás): Vem cá Duquinha que quero te contar uma história que acabei de saber! Anda menino, cadê tu, criatura serelepe?
        - Oi eu aqui seu Zé, ( fala ofegante com entonação de medo), mas agora não posso, preciso me esconder. Ligeiro seu Zé, ligeiro homem de Deus, me esconde aí vai!!!
        _ Escondê de que menino, num tô veno nada! deixa de invencionice muleque!
        _ Corre seu Zé, anda logo ou o troço pega o senhor também!
        - Ou conta o que é, ou não escondo!
        _Tá bom, tá bom. - Eu ia saindo de casa escondido pra mãe não brigar. Aí vim por aquele caminho que tem o buraco fundo,aquele buraco onde jogava bicho que morria e ficou mal assombrado. Só vim por ali pra ninguém me vê. Eu nem tava com medo. Mas seu Zé Quando eu ia passando perto do buraco, aí que escutei aquele barulho horrível, sabe?
        - Num sei de nada não, muleque, mas que baruio era esse e quem  é que tava fazeno o tá do baruio?
        -Quem tava fazendo o barulho eu não sei, mas era um grito de gente misturado com uivo de lobo, miado de gato,pio de curuja e barulho de pisada de dinossauro.
        -Mas que diacho de grito era esse Duquinha?
        -Corre seu Zeferino, corre home de Deus, me esconde logo que o monstro tá vindo aí!
        -Que ta vindo que nada, como é que ocê sabe que é monstro? Ocê viu o tal negócio?
        _Vê eu não vi não né, mas o que mais podia ter um berro tão tenebroso, tão assustador, tão monstruoso?
    Barulho como batidas em uma porta, acompanhadas de uma espécie de grunhido.
        Toc, toc..........rrrrrrrerrriumm..........
Duquinha se agarra a Zeferino em movimento brusco, com expressão de terror e grita com voz de muito medo:
        - Abre não Seu Zeferino, abre não, pelo amor de Deus! Deve ser o monstro, é ele, tem que ser ele, pelo amor de sua mãe, não abra essa porta!
    Outra vez lá fora:
    Buom....buom....buom......
    - Ahrrrrrrrrrarrrrrrrrrarrrrrrrra ( som de risada ).
    Voz de menina.
    - Abre essa porta gente, sou eu, Miguelina!
Miguelina, menina morena, seis a dez anos, vestida com vestidinho colorido e cabelos de trança, é neta de Zeferino e colega de Duquinha.
Zeferino abre a porta e em tom de brincadeira ou galhofa:
    - Entre minha neta, ocê veio trazer o monstro do Duqinha?
    - Que monstro vô?
O monstro aparece por traz deles e........
uaiiiiuuuuuuuuuuuuuumiauuuuurnnnetummmmmmiauuuuuuuuuuuupraprapratuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu...........................
Todos olham para traz e o monstro desaparece. Duquinha apavorado grita:
    -É ele Seu Zé, é o berro dele seu Zé, corre gente, é ele, é ele .... e fica repentindo com voz sumida : ele...ele....ele.. cadê ele...cadê ele......
E outra vez a voz do monstro. UUUUUUUUUUUUUUUUUUU.......
Todos olham outra vez para traz e desta vez gritam todos juntos:
O MONSTRO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!11
E finalmente o monstro aparece, emitindo o seu berro e investindo contra os outros componenes da história.

OBSERVAÇÂO: O monstro fica a critério do apresentador.
Pode ser qualquer animal, exemplo: dinossauro, cachorro, morcego, aranha, reto, touro, barata ou a caricatura de um ser monstruoso.
O monstro emudece de vez e desaparece repentinamente.
Todos saem, ficando só Zeferino, que diz em tom solene.
Esse é mais um causo do menino Duquinha. Espera aí, do Duquinha ou do Zeferino?
ESTÂO AÌ NA CABEÇA DE OCÊS, ESTÀ AQUI EM MINHA CACHOLA.!!!! E vai ficar no ar, eles os monstros, existem?
Eu garanto que sim e o Duquinha também!!!!
 Encerra com um uivo tenebroso do monstro.
Todos voltam, cumprimentam o público, apresentam individualmente, até o monstro, e concluem a apresentação com um: ATÈ BREVE !!!!!! coletivo.

SEGUNDO EPISÓDIO:
O JUMENTO FALANTE
Volta Zeferino, Duquinha e Miguelina.
Duquinha pede com voz piedosa
 - Seu Zé, conta um daqueles causos que senhor contou lá na praça pra gente.
-Ah menino danado! Depois de me atrapaiar todo, vem pedir pra contar causos. Taí, num lembro de nenhum causo pra contar agora.
-Conta, conta vô - pede Miguelina.
-Conta aquele do jumento que sumia, fala Duquinha.
Zeferino -Tá bem, tá bem, vou contar, lá vai!
Zeferino -Numa pequena comunidade da roça, onde tinha mais ou menos de oito a dez morador, todo mundo plantava um pouco de tudo. Plantava só pra sustentar a família.
Miguelina - Plantava o que vô?
Zeferino - Plantava milho, feijão, mandioca, macacheira, batata, amendoim,abóbora, couve, coentro,hortelã, folhas de remédio e até planta de jardim. Cada plantação tinha seu tempo e era feita dento dos cercado, pros animal que ficava sorto nas estrada num cumê.
Duquinha- E tem bicho que fica pelas estradas.
Zeferino- Se tem! Cumeçou a aparecê por lá um jegue. Só chegava de noite. Primeiro ficava ali como quem não queria nada, andano pra lá e pra cá na frente das cancela e das porteira das roça. Parecia que tava quereno pedi uma coisa.
Duquinha- Ele queria pedir o que, seu Zé?
Zeferino - Tem paciença menino, espera eu contar o resto do causo.
Continuando Zeferino - Um dia Dona Esperança, uma das moradoras daquelas bandas, achou o tal jumento, ou jegue, que dá na merma coisa, dento de sua roça. Pegou um pedaço de pau a avançou no bicho. Foi aí que a muié quase caiu dura!
Duquinha - O jegue mordeu ela?  Bateu nela? Fala logo homem
Zeferino - Cala essa boca senão num conto o resto.
Miguelina - Cala a boca Duquinha!
Zeferino - O bicho fez mais, olhou no olho da muié, juelhou com uma mão e pediu pra deixá ele cumê um pouquinho do milho e do feijão e garantiu que no oto dia, ia tá ainda mais verde e mais bunito.
Duquinha - E ela acreditou?
Zeferino - Qui nada! Correu com o bicho de lá debaixo de pau. e foi assim com quse todos morador, até que chegou na roça de Sião. Era a rocinha mais michuruca do lugar. Mais também tinha tudo plantado e tava tudo verdinho. O jegue foi entrano e já foi abocanhano e cumeno tudo.
Duquinha - E onde tava o dono da roça?
Zeferino - Pois é. Quando Sião viu o estrago fez igual os outos. Foi pegando o pau....O jegue joelhou e pediu pa dexá ele cumê só um pouquinho, que no outo dia tudo ia amanhecê ainda mais bunito. Mais que nada, quem disse que Sião acreditô?
Miguelina - Aí expulsou o jumento a pauladas.
Zeferino - Que nada! A muié do Sião, muié boa e temente a Deus, pediu:(Zeferino imitando a voz da mulher)
Ô Sião, isso só pode sê sinal do céu, deixa o bichinho cumê só um pouquinho de um lado, que depois a gente tira ele.
Sem jeito e cum medo, Sião deixou o jegue falador dento da roça, com o coração na mão e pensano - o bicho vai cumê tudo e amnhã vai amanhecer só o chão.
No dia seguinte, bem cedinho, Sião correu pra roça pra ver o estrago em sua lavoura e botar o jegue pra fora.
Duquinha impaciente - E aí?
Zeferino - Aí nada. Nada de jegue, nem uma folha de milho tinha sido cumida. Não tinha rasto, não tinha buraco na cerca e as portera tava tudo fechada.
Duquinha - Nossa Senhora, o bicho era fantasma?
Zeferino - Até hoje ninguém sabe Duquinha. O que se conta   é que toda noite o jegue era visto comendo a roça de Sião e de manhã sumia sem deixá rasto, dexano a plantação cada dia mais verde e mais viçosa.Veio a chuvarada e destruiu todas as roça de todo mundo, menos a de Sião. Veio a seca e secou tudo, mais a roça de Sião continuava verde. Que isso continuou aconteceno, enquanto a muié de Sião era viva.
Duquinha e Miguelina juntos- E isso foi de verdade Seu Zeferino?
Zeferino - Se foi verdade ou não, eu também num sei porque num vi, mais tem gente que é viva até hoje, que diz que viu.
Cumprimentos ao público e agradecimentos finais.


           

Regras gerais de pontuação

Pontuação
 REGRAS GERAIS DE PONTUAÇÃO

Regras de pontuação

PONTO
O ponto marca uma pausa completa. Serve para indicar o término de uma oração. O ponto marca também a passagem de um grupo a outro grupo de ideias, bem como encerra um enunciado completo.
Exemplos:
“Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre
foi a minha busca cega e secreta.” (Clarice Lispector, A paixão segundo GH.)
“Dizem que de médico e de louco todos nós temos um pouco.
Devia-se dizer ‘de médico, de louco e de repórter’ para
maior verdade do ditado”. (Érico Veríssimo, Viagem à aurora do mundo.)

PONTO-E-VÍRGULA
É um sinal intermediário entre o ponto e a vírgula; marca, portanto, uma pausa média. Usa-se quando a pausa não é tão longa ou a ideia tão conclusiva que mereça um
ponto, e nem tão curta para merecer apenas uma vírgula. Serve para:
a) separar, num período, as orações da mesma natureza
que sejam relativamente longas.
Exemplo:
“Como é fácil de verificar, os organismos vivos preferem, é claro, as temperaturas brandas e estão mais adaptados às reações delicadas. É por isso que bem compreendemos a importância da atmosfera primitiva, pesada da poeira dos planetesimais; ela como que acobertou a terra (segundo Chamberlin) contra a intensidade da radiação vinda do exterior e as desigualdades da radiação do interior”.
(Érico Veríssimo, Viagem à aurora do mundo.)
b) separar os diversos itens que compõem as leis, decretos, portarias, códigos etc.
Exemplo:
Código Brasileiro de Trânsito
Capítulo XVI
Das penalidades
Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades:
I - advertência por escrito;
II - multa;
III - suspensão do direito de dirigir;
IV - apreensão do veículo;
V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
VI - cassação da Permissão para Dirigir;
VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.

DOIS-PONTOS
Os dois-pontos assinalam uma pausa bem definida. Servem para marcar:
a) uma citação.
Exemplo:
Em seguida ele declarou: “Diga ao povo que fico!”.
b) uma enumeração explicativa.
Exemplo:
Cheguei de volta à escola e deparei com inúmeras novidades: as paredes pintadas de novo, as carteiras novas em folha, os professores rejuvenescidos, os alunos mais alegres
e inteligentes.
c) um esclarecimento, uma síntese do que foi dito.
Exemplos:
Existe apenas uma saída: estudar muito e passar no vestibular.
“Eu estava atingindo o que havia procurado a vida toda: aquilo que é a identidade mais última e que eu havia chamado de inexpressivo”. (Clarice Lispector, A Paixão Segundo GH.)

PONTO DE INTERROGAÇÃO
JUVENTUDE. A INTERROGAÇÃO
“Mas quem é que sou afinal? E o que é que eu quero? E o que é que vai ser de mim? E Deus, existe? (...) Mas por que é que tem pobres e ricos? Por que é que uns têm tudo e outros não têm nada? (...)”
(Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar e outras crônicas, 1995 p. 88-91)
O ponto de interrogação indica uma pergunta.
Exemplos:
Quem comeu o bolo que deixei aqui?
Quem é você, um homem ou um rato?
Atenção: Não se usa o ponto de interrogação em uma pergunta indireta. Veja estes casos:
Que horas são? (pergunta direta)
Diga-me quantas horas são. (pergunta indireta)

PONTO DE EXCLAMAÇÃO
O ponto de exclamação indica uma exclamação, em geral uma expressão de espanto, de surpresa, de alegria, de raiva, de dor, de súplica etc.
Exemplos:
Ai, que dor de dente!
Que susto! Você estava aí?
Normalmente é usado depois de interjeições e imperativos:
Exemplos:
Não suporto mais esse barulho. Saiam daqui!
Humm! Que delícia!

RETICÊNCIAS
As reticências marcam uma interrupção na frase e indicam que a ideia ficou em suspenso, não foi concluída. Expressam hesitação, dúvida, tristeza, alegria, sarcasmo e
outros sentimentos, bem como o corte da frase de um personagem pela interferência de outro.
Exemplos:
“Nos intervalos que nós chamávamos de vazios e tranquilos, e quando pensávamos que o amor parara...” (Clarice Lispector, A Paixão Segundo GH.)
“Não era pecado... Devia ficar alegre, sempre alegre, e esse era um gosto inocente, que ajudava a gente a se alegrar...” (João Guimarães Rosa, A hora e a vez de Augusto Matraga.)
“Macunaíma deitado na jangada lagarteava numa quebreira azul. E o silêncio alargando tudo...” (Mário de Andrade, Macunaíma.)
“– Deus está tirando o saco das minhas costas, mãe Quitéria! Agora eu sei que ele está se lembrando de mim...
– Louvor ao Divino, meu filho!” (João Guimarães Rosa, A hora e a vez de Augusto Matraga.)

ASPAS
As aspas servem para diversos fins:
a) marcar uma citação, uma frase dita por alguém.
Exemplos:
“Nós sabemos, e os fabricantes de pneus também sabem, que os preços não devem cair excessivamente para não desestimular a produção dos seringais”, disse Gerard Loyen,
vice-diretor-executivo da Inro. (O Estado de S. Paulo, 31/3/98.)
“É melhor pagar um pouco mais, que correr o risco de ficar sem estoques no futuro”, disse Attilio Scottie, diretor de Compras da Pirelli, em Milão. “É preciso manter margens razoáveis de lucro aos agricultores para que eles não parem de produzir”, acrescentou o especialista. (O Estado de São Paulo, 31/3/98.)
b) destacar um termo ou uma expressão.
Exemplos:
Estamos nos primeiros estágios da mudança do “trabalho em massa” para um altamente especializado “trabalho de elite”, acompanhada da crescente automação na produção
de bens e serviços. (Folha de S. Paulo, 2/11/97.)
Mas Luíza achava aquela música “espalhafatona”; queria alguma coisa triste, doce...
(Eça de Queirós, O primo Basílio.)
c) indicar palavras ou expressões estrangeiras.
Exemplos:
Domingo fomos comer uma boa “paella” na casa da Rose.
Ele se despediu com um sonoro “chau amore mio”.
d) indicar títulos de obras
Exemplos:
Adoro “Macunaíma”, de Mário de Andrade.
Fomos ao cinema ver “Titanic”.

PARÊNTESES
Os parênteses servem para intercalar, dentro de um texto, as indicações acessórias. Por exemplo:
a) uma explicação.
Exemplo:
“Espero que uma velhice tranquila – no hospital ou na cadeia, com seus longos ócios –, me permita um dia estudar com toda calma a nossa língua, e me penitenciar dos abusos
que tenho praticado contra a sua pulcritude. (Sabem qual o superlativo de pulcro? Isto eu sei por acaso: pulquérrimo! Mas não é desanimador saber uma coisa dessas?
Que me aconteceria se eu dissesse a uma bela dama: a senhora é pulquérrima? Eu poderia me queixar se o seu marido me descesse a mão?)”
(Rubem Braga, Nascer no Cairo.)
b) uma reflexão, um comentário à margem.
Exemplos:
“Pessoalmente só merecereis o meu desprezo; porque “Juan” (ou ‘Vic’, ou ‘Parsifal’, ou ‘Dr. Cândido’?) (Rubem Braga, Eu, Lúcio de Santo Graal.)
“Tomei um quarto no Hotel Avenida em cima da Galeria Cruzeiro; mas à medida que a Galeria recuava no tempo (os bondes ainda passavam lá por baixo, eu podia ouvir seu ruído de meu quarto) e avançava na idade, completara na véspera 54 anos e não estava muito bem de saúde”. (Rubem Braga, Galeria Cruzeiro.)
“Sem falar neste relógio (quanto vale?), neste canivete preto, neste fumo de rolo e nesta vergonha na cara”. (Rubem Braga, Galeria Cruzeiro.)
c) referências a datas e indicações bibliográficas.
Exemplos:
“Das visões que me perseguiam naquelas noites compridas umas sombras permanecem, sombras que se misturam à realidade e me produzem calafrios”.
(Graciliano Ramos, Angústia.)
“Nestor Benício, dando tempo ao tempo ou imitando o irmão, continuava sem aparecer”.
(Osman Lins, O fiel e a pedra.)
d) indicar siglas.
Exemplos:
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números do censo.
O PT (Partido dos Trabalhadores) vai participar das eleições.
e) para separar as rubricas, ou indicações cênicas, em textos dramáticos.
Exemplo:
Coro (no fundo, canto) – Enforcai os generais. Ao poste com os especuladores.
Roux – Viva a Revolução! (Os quatro cantores e outros pacientes colocam-se ao redor da banheira para uma apoteose. É erguida uma coroa de folhas)
Paciente (no fundo) – Marat, não queremos cavar nossas sepulturas!
(Cena da peça Perseguição e assassinato de Jean-Paul Marat, de Peter Weiss.)

COLCHETES
Colchetes servem para intercalar dados ou expressões já separados por parênteses.
Exemplos:
“Uma barata acordou um dia e viu que tinha se transformado num ser humano.”
(Luis Fernando Verissimo, A metamorfose [p.51].)
Os colchetes são usados com mais frequência nos trabalhos
de linguística e filologia, para indicar uma palavra transcrita foneticamente.
Exemplos:
pais [pays]
tarde [tardi]

TRAVESSÃO
O travessão é basicamente empregado em dois casos: nos diálogos, para indicar as falas dos interlocutores, e num texto, para isolar palavras ou frases.
Exemplos:
“– Que é isso?
– Chouriço!
– Conta o que é.” (Mário de Andrade, Macunaíma.)
“Os ingredientes são: uma porção de caos, duas de confusão e uma pobre mãe exausta – tudo misturado com um cão latindo e balões estourando”. (Luis Fernando Verissimo, Festa de aniversário.)

SÍNTESE DAS REGRAS GERAIS DE PONTUAÇÃO
Muitas vezes, uma pontuação errada muda todo o sentido de uma frase. Por isso, a melhor maneira de saber se estamos pontuando corretamente é reler sempre os textos que escrevemos, frase por frase, dando a entonação correta em cada uma delas. Aqui sintetizamos algumas regras gerais:
a) sempre colocar ponto no final de um período e das frases, mas apenas quando elas encerram uma ideia completa;
b) colocar vírgulas entre os diversos elementos de uma enumeração;
c) não separar por vírgula o sujeito do seu verbo e o objeto direto do seu verbo;
d) sempre que abrir aspas, parênteses ou colchetes, não esquecer de fechá-los em seguida;
e) sempre colocar entre aspas as citações textuais;
f) não colocar ponto-de-interrogação ao término de uma interrogação indireta, sim ponto-final;
g) sempre isolar os apostos por vírgulas;
h) usar apenas as vírgulas necessárias; seu excesso torna o texto truncado e sem ritmo.
REGRAS DE PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são empregados na língua escrita para tentar recuperar recursos específicos da língua falada, tais como entonação, jogo de silêncio, pausas etc.

Divisão e emprego dos sinais de pontuação:

1- PONTO ( . )

a) indicar o final de uma frase declarativa.
Ex.: Lembro-me muito bem dele.

b) separar períodos entre si.
Ex.: Fica comigo. Não vá embora.

c) nas abreviaturas
Ex.: Av.; V. Ex.ª

2- VÍRGULA ( , )

É usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma unidade sintática.
Ex.: Adelanta, esposa de João, foi a ganhadora única da Sena.
Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula.

Não se separam por vírgula:
a) predicado de sujeito;
b) objeto de verbo;
c) adjunto adnominal de nome;
d) complemento nominal de nome;
e) predicativo do objeto do objeto;
f) oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa)

A vírgula no interior da oração
É utilizada nas seguintes situações:
a) separar o vocativo. Ex.: Maria, traga-me uma xícara de café.
A educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.
b) separar alguns apostos. Ex.: Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem.
c) separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado.
Ex.: Chegando de viagem, procurarei por você.
As pessoas, muitas vezes, são falsas.
d) separar elementos de uma enumeração.
Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-de-obras.
e) isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo.
Ex.: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para acertar a viagem.
f) separar conjunções intercaladas.
Ex.: Não havia, porém, motivo para tanta raiva.
g) separar o complemento pleonástico antecipado.
Ex.: A mim, nada me importa.
h) isolar o nome de lugar na indicação de datas.
Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.
i) separar termos coordenados assindéticos.
Ex.: "Lua, lua, lua, lua,
por um momento meu canto contigo compactua..." (Caetano Veloso)
j) marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo).
Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)

Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem dispensam o uso da vírgula.
Ex.: Conversaram sobre futebol, religião e política.
Não se falavam nem se olhavam./ Ainda não me decidi se viajarei para Bahia ou Ceará.
Entretanto, se essas conjunções aparecerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da vírgula passa a ser obrigatório.
Ex.: Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem à missa de sétimo dia.A vírgula entre orações
É utilizada nas seguintes situações:
a) separar as orações subordinadas adjetivas explicativas.
Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.
b) separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (exceto as iniciadas pela
conjunção e ). Ex.: Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí para o trabalho. Estudou muito, mas não foi aprovado no exame.ATENÇÃO
Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção e:
1) quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.
Ex.: Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.
2) quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto). Ex.: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.
3) quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade, conseqüência, por exemplo) Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.

c) separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas),
principalmente se estiverem antepostas à oração principal.
Ex.: "No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho."( O selvagem - José de Alencar)
d) separar as orações intercaladas. Ex.: "- Senhor, disse o velho, tenho grandes contentamentos em a estar plantando..."
e) separar as orações substantivas antepostas à principal.
Ex.: Quanto custa viver, realmente não sei.
3- DOIS-PONTOS ( : )

a) iniciar a fala dos personagens:
Ex.: Então o chefe comentou:
- Está ótimo!

b) antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou seqüência de palavras que explicam, resumem idéias anteriores.
Ex.: Meus amigos são poucos: Jorge, Ricardo e Alexandre.

c) antes de citação
Ex.: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”

4- RETICÊNCIAS ( ... )

a) indicar dúvidas ou hesitação de quem fala.
Ex.: Sabe...eu queria te dizer que...esquece.

b) interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incompleta
Ex.: - Alô! João está?
- Agora não se encontra. Quem sabe se ligar mais tarde...

c) ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a intenção de sugerir prolongamento de idéia.
Ex.: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar)

d) indicar supressão de palavra (s) numa frase transcrita.
Ex.: “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner)

5- PARÊNTESES ( ( ) )

a) isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e datas.
Ex.: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), morreu muita gente.
"Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara depois duma grande tormenta no fim do verão. “ (O milagre das chuvas no nordeste - Graça Aranha)
Dica: Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o travessão.

6- PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )

a) Após vocativo
Ex.: “Parte, Heliel! “ ( As violetas de Nossa Senhora - Humberto de Campos)

b) Após imperativo
Ex.: Cale-se!

c) Após interjeição
Ex.: Ufa! Ai!

d) Após palavras ou frases que denotem caráter emocional
Ex.: Que pena!

7- PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? )

a) Em perguntas diretas
Ex.: Como você se chama?

b) Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação
Ex.: - Quem ganhou na loteria?
- Você.
- Eu?!

8- PONTO-E-VÍRGULA ( ; )

a) separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, de uma seqüência, etc.
Ex.: Art. 127 – São penalidades disciplinares:
  I- advertência;
 II- suspensão;
III- demissão;
IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
 V- destituição de cargo em comissão;
VI- destituição de função comissionada.

b) separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já tenham tido utilizado a vírgula.
Ex.: “O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os
lábios grossos, o inferior um tanto tenso (...) " (O visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)

9- TRAVESSÃO ( - )

a) dar início à fala de um personagem
Ex.: O filho perguntou:
- Pai, quando começarão as aulas?
b) indicar mudança do interlocutor nos diálogos
- Doutor, o que tenho é grave?
- Não se preocupe, é uma simples infecção. É só tomar um antibiótico e estará bom
c) unir grupos de palavras que indicam itinerário
Ex.: A rodovia Belém-Brasília está em péssimo estado.

Também pode ser usado em substituição à virgula em expressões ou frases explicativas
Ex.: Xuxa – a rainha dos baixinhos – será mãe.

10- ASPAS ( “ ” )
a)isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares.
Ex.: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu admirador.
A festa na casa de Lúcio estava “chocante”.
Conversando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a mim requerido.

b) indicar uma citação textual
Ex.: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala”. ( O prazer de viajar - Eça de Queirós)

Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer necessário a utilização de novas aspas, estas serão simples. ( ' ' )
   
REGRAS GERAIS DE PONTUAÇÃO

Regras de pontuação

PONTO
O ponto marca uma pausa completa. Serve para indicar o término de uma oração. O ponto marca também a passagem de um grupo a outro grupo de ideias, bem como encerra um enunciado completo.
Exemplos:
“Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre
foi a minha busca cega e secreta.” (Clarice Lispector, A paixão segundo GH.)
“Dizem que de médico e de louco todos nós temos um pouco.
Devia-se dizer ‘de médico, de louco e de repórter’ para
maior verdade do ditado”. (Érico Veríssimo, Viagem à aurora do mundo.)

PONTO-E-VÍRGULA
É um sinal intermediário entre o ponto e a vírgula; marca, portanto, uma pausa média. Usa-se quando a pausa não é tão longa ou a ideia tão conclusiva que mereça um
ponto, e nem tão curta para merecer apenas uma vírgula. Serve para:
a) separar, num período, as orações da mesma natureza
que sejam relativamente longas.
Exemplo:
“Como é fácil de verificar, os organismos vivos preferem, é claro, as temperaturas brandas e estão mais adaptados às reações delicadas. É por isso que bem compreendemos a importância da atmosfera primitiva, pesada da poeira dos planetesimais; ela como que acobertou a terra (segundo Chamberlin) contra a intensidade da radiação vinda do exterior e as desigualdades da radiação do interior”.
(Érico Veríssimo, Viagem à aurora do mundo.)
b) separar os diversos itens que compõem as leis, decretos, portarias, códigos etc.
Exemplo:
Código Brasileiro de Trânsito
Capítulo XVI
Das penalidades
Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades:
I - advertência por escrito;
II - multa;
III - suspensão do direito de dirigir;
IV - apreensão do veículo;
V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
VI - cassação da Permissão para Dirigir;
VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.

DOIS-PONTOS
Os dois-pontos assinalam uma pausa bem definida. Servem para marcar:
a) uma citação.
Exemplo:
Em seguida ele declarou: “Diga ao povo que fico!”.
b) uma enumeração explicativa.
Exemplo:
Cheguei de volta à escola e deparei com inúmeras novidades: as paredes pintadas de novo, as carteiras novas em folha, os professores rejuvenescidos, os alunos mais alegres
e inteligentes.
c) um esclarecimento, uma síntese do que foi dito.
Exemplos:
Existe apenas uma saída: estudar muito e passar no vestibular.
“Eu estava atingindo o que havia procurado a vida toda: aquilo que é a identidade mais última e que eu havia chamado de inexpressivo”. (Clarice Lispector, A Paixão Segundo GH.)

PONTO DE INTERROGAÇÃO
JUVENTUDE. A INTERROGAÇÃO
“Mas quem é que sou afinal? E o que é que eu quero? E o que é que vai ser de mim? E Deus, existe? (...) Mas por que é que tem pobres e ricos? Por que é que uns têm tudo e outros não têm nada? (...)”
(Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar e outras crônicas, 1995 p. 88-91)
O ponto de interrogação indica uma pergunta.
Exemplos:
Quem comeu o bolo que deixei aqui?
Quem é você, um homem ou um rato?
Atenção: Não se usa o ponto de interrogação em uma pergunta indireta. Veja estes casos:
Que horas são? (pergunta direta)
Diga-me quantas horas são. (pergunta indireta)

PONTO DE EXCLAMAÇÃO
O ponto de exclamação indica uma exclamação, em geral uma expressão de espanto, de surpresa, de alegria, de raiva, de dor, de súplica etc.
Exemplos:
Ai, que dor de dente!
Que susto! Você estava aí?
Normalmente é usado depois de interjeições e imperativos:
Exemplos:
Não suporto mais esse barulho. Saiam daqui!
Humm! Que delícia!

RETICÊNCIAS
As reticências marcam uma interrupção na frase e indicam que a ideia ficou em suspenso, não foi concluída. Expressam hesitação, dúvida, tristeza, alegria, sarcasmo e
outros sentimentos, bem como o corte da frase de um personagem pela interferência de outro.
Exemplos:
“Nos intervalos que nós chamávamos de vazios e tranquilos, e quando pensávamos que o amor parara...” (Clarice Lispector, A Paixão Segundo GH.)
“Não era pecado... Devia ficar alegre, sempre alegre, e esse era um gosto inocente, que ajudava a gente a se alegrar...” (João Guimarães Rosa, A hora e a vez de Augusto Matraga.)
“Macunaíma deitado na jangada lagarteava numa quebreira azul. E o silêncio alargando tudo...” (Mário de Andrade, Macunaíma.)
“– Deus está tirando o saco das minhas costas, mãe Quitéria! Agora eu sei que ele está se lembrando de mim...
– Louvor ao Divino, meu filho!” (João Guimarães Rosa, A hora e a vez de Augusto Matraga.)

ASPAS
As aspas servem para diversos fins:
a) marcar uma citação, uma frase dita por alguém.
Exemplos:
“Nós sabemos, e os fabricantes de pneus também sabem, que os preços não devem cair excessivamente para não desestimular a produção dos seringais”, disse Gerard Loyen,
vice-diretor-executivo da Inro. (O Estado de S. Paulo, 31/3/98.)
“É melhor pagar um pouco mais, que correr o risco de ficar sem estoques no futuro”, disse Attilio Scottie, diretor de Compras da Pirelli, em Milão. “É preciso manter margens razoáveis de lucro aos agricultores para que eles não parem de produzir”, acrescentou o especialista. (O Estado de São Paulo, 31/3/98.)
b) destacar um termo ou uma expressão.
Exemplos:
Estamos nos primeiros estágios da mudança do “trabalho em massa” para um altamente especializado “trabalho de elite”, acompanhada da crescente automação na produção
de bens e serviços. (Folha de S. Paulo, 2/11/97.)
Mas Luíza achava aquela música “espalhafatona”; queria alguma coisa triste, doce...
(Eça de Queirós, O primo Basílio.)
c) indicar palavras ou expressões estrangeiras.
Exemplos:
Domingo fomos comer uma boa “paella” na casa da Rose.
Ele se despediu com um sonoro “chau amore mio”.
d) indicar títulos de obras
Exemplos:
Adoro “Macunaíma”, de Mário de Andrade.
Fomos ao cinema ver “Titanic”.

PARÊNTESES
Os parênteses servem para intercalar, dentro de um texto, as indicações acessórias. Por exemplo:
a) uma explicação.
Exemplo:
“Espero que uma velhice tranquila – no hospital ou na cadeia, com seus longos ócios –, me permita um dia estudar com toda calma a nossa língua, e me penitenciar dos abusos
que tenho praticado contra a sua pulcritude. (Sabem qual o superlativo de pulcro? Isto eu sei por acaso: pulquérrimo! Mas não é desanimador saber uma coisa dessas?
Que me aconteceria se eu dissesse a uma bela dama: a senhora é pulquérrima? Eu poderia me queixar se o seu marido me descesse a mão?)”
(Rubem Braga, Nascer no Cairo.)
b) uma reflexão, um comentário à margem.
Exemplos:
“Pessoalmente só merecereis o meu desprezo; porque “Juan” (ou ‘Vic’, ou ‘Parsifal’, ou ‘Dr. Cândido’?) (Rubem Braga, Eu, Lúcio de Santo Graal.)
“Tomei um quarto no Hotel Avenida em cima da Galeria Cruzeiro; mas à medida que a Galeria recuava no tempo (os bondes ainda passavam lá por baixo, eu podia ouvir seu ruído de meu quarto) e avançava na idade, completara na véspera 54 anos e não estava muito bem de saúde”. (Rubem Braga, Galeria Cruzeiro.)
“Sem falar neste relógio (quanto vale?), neste canivete preto, neste fumo de rolo e nesta vergonha na cara”. (Rubem Braga, Galeria Cruzeiro.)
c) referências a datas e indicações bibliográficas.
Exemplos:
“Das visões que me perseguiam naquelas noites compridas umas sombras permanecem, sombras que se misturam à realidade e me produzem calafrios”.
(Graciliano Ramos, Angústia.)
“Nestor Benício, dando tempo ao tempo ou imitando o irmão, continuava sem aparecer”.
(Osman Lins, O fiel e a pedra.)
d) indicar siglas.
Exemplos:
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números do censo.
O PT (Partido dos Trabalhadores) vai participar das eleições.
e) para separar as rubricas, ou indicações cênicas, em textos dramáticos.
Exemplo:
Coro (no fundo, canto) – Enforcai os generais. Ao poste com os especuladores.
Roux – Viva a Revolução! (Os quatro cantores e outros pacientes colocam-se ao redor da banheira para uma apoteose. É erguida uma coroa de folhas)
Paciente (no fundo) – Marat, não queremos cavar nossas sepulturas!
(Cena da peça Perseguição e assassinato de Jean-Paul Marat, de Peter Weiss.)

COLCHETES
Colchetes servem para intercalar dados ou expressões já separados por parênteses.
Exemplos:
“Uma barata acordou um dia e viu que tinha se transformado num ser humano.”
(Luis Fernando Verissimo, A metamorfose [p.51].)
Os colchetes são usados com mais frequência nos trabalhos
de linguística e filologia, para indicar uma palavra transcrita foneticamente.
Exemplos:
pais [pays]
tarde [tardi]

TRAVESSÃO
O travessão é basicamente empregado em dois casos: nos diálogos, para indicar as falas dos interlocutores, e num texto, para isolar palavras ou frases.
Exemplos:
“– Que é isso?
– Chouriço!
– Conta o que é.” (Mário de Andrade, Macunaíma.)
“Os ingredientes são: uma porção de caos, duas de confusão e uma pobre mãe exausta – tudo misturado com um cão latindo e balões estourando”. (Luis Fernando Verissimo, Festa de aniversário.)

SÍNTESE DAS REGRAS GERAIS DE PONTUAÇÃO
Muitas vezes, uma pontuação errada muda todo o sentido de uma frase. Por isso, a melhor maneira de saber se estamos pontuando corretamente é reler sempre os textos que escrevemos, frase por frase, dando a entonação correta em cada uma delas. Aqui sintetizamos algumas regras gerais:
a) sempre colocar ponto no final de um período e das frases, mas apenas quando elas encerram uma ideia completa;
b) colocar vírgulas entre os diversos elementos de uma enumeração;
c) não separar por vírgula o sujeito do seu verbo e o objeto direto do seu verbo;
d) sempre que abrir aspas, parênteses ou colchetes, não esquecer de fechá-los em seguida;
e) sempre colocar entre aspas as citações textuais;
f) não colocar ponto-de-interrogação ao término de uma interrogação indireta, sim ponto-final;
g) sempre isolar os apostos por vírgulas;
h) usar apenas as vírgulas necessárias; seu excesso torna o texto truncado e sem ritmo.
REGRAS DE PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são empregados na língua escrita para tentar recuperar recursos específicos da língua falada, tais como entonação, jogo de silêncio, pausas etc.

Divisão e emprego dos sinais de pontuação:

1- PONTO ( . )

a) indicar o final de uma frase declarativa.
Ex.: Lembro-me muito bem dele.

b) separar períodos entre si.
Ex.: Fica comigo. Não vá embora.

c) nas abreviaturas
Ex.: Av.; V. Ex.ª

2- VÍRGULA ( , )

É usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma unidade sintática.
Ex.: Adelanta, esposa de João, foi a ganhadora única da Sena.
Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula.

Não se separam por vírgula:
a) predicado de sujeito;
b) objeto de verbo;
c) adjunto adnominal de nome;
d) complemento nominal de nome;
e) predicativo do objeto do objeto;
f) oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa)

A vírgula no interior da oração
É utilizada nas seguintes situações:
a) separar o vocativo. Ex.: Maria, traga-me uma xícara de café.
A educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.
b) separar alguns apostos. Ex.: Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem.
c) separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado.
Ex.: Chegando de viagem, procurarei por você.
As pessoas, muitas vezes, são falsas.
d) separar elementos de uma enumeração.
Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-de-obras.
e) isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo.
Ex.: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para acertar a viagem.
f) separar conjunções intercaladas.
Ex.: Não havia, porém, motivo para tanta raiva.
g) separar o complemento pleonástico antecipado.
Ex.: A mim, nada me importa.
h) isolar o nome de lugar na indicação de datas.
Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.
i) separar termos coordenados assindéticos.
Ex.: "Lua, lua, lua, lua,
por um momento meu canto contigo compactua..." (Caetano Veloso)
j) marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo).
Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)

Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem dispensam o uso da vírgula.
Ex.: Conversaram sobre futebol, religião e política.
Não se falavam nem se olhavam./ Ainda não me decidi se viajarei para Bahia ou Ceará.
Entretanto, se essas conjunções aparecerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da vírgula passa a ser obrigatório.
Ex.: Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem à missa de sétimo dia.A vírgula entre orações
É utilizada nas seguintes situações:
a) separar as orações subordinadas adjetivas explicativas.
Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.
b) separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (exceto as iniciadas pela
conjunção e ). Ex.: Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí para o trabalho. Estudou muito, mas não foi aprovado no exame.ATENÇÃO
Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção e:
1) quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.
Ex.: Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.
2) quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto). Ex.: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.
3) quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade, conseqüência, por exemplo) Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.

c) separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas),
principalmente se estiverem antepostas à oração principal.
Ex.: "No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho."( O selvagem - José de Alencar)
d) separar as orações intercaladas. Ex.: "- Senhor, disse o velho, tenho grandes contentamentos em a estar plantando..."
e) separar as orações substantivas antepostas à principal.
Ex.: Quanto custa viver, realmente não sei.
3- DOIS-PONTOS ( : )

a) iniciar a fala dos personagens:
Ex.: Então o chefe comentou:
- Está ótimo!

b) antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou seqüência de palavras que explicam, resumem idéias anteriores.
Ex.: Meus amigos são poucos: Jorge, Ricardo e Alexandre.

c) antes de citação
Ex.: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”

4- RETICÊNCIAS ( ... )

a) indicar dúvidas ou hesitação de quem fala.
Ex.: Sabe...eu queria te dizer que...esquece.

b) interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incompleta
Ex.: - Alô! João está?
- Agora não se encontra. Quem sabe se ligar mais tarde...

c) ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a intenção de sugerir prolongamento de idéia.
Ex.: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar)

d) indicar supressão de palavra (s) numa frase transcrita.
Ex.: “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner)

5- PARÊNTESES ( ( ) )

a) isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e datas.
Ex.: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), morreu muita gente.
"Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara depois duma grande tormenta no fim do verão. “ (O milagre das chuvas no nordeste - Graça Aranha)
Dica: Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o travessão.

6- PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )

a) Após vocativo
Ex.: “Parte, Heliel! “ ( As violetas de Nossa Senhora - Humberto de Campos)

b) Após imperativo
Ex.: Cale-se!

c) Após interjeição
Ex.: Ufa! Ai!

d) Após palavras ou frases que denotem caráter emocional
Ex.: Que pena!

7- PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? )

a) Em perguntas diretas
Ex.: Como você se chama?

b) Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação
Ex.: - Quem ganhou na loteria?
- Você.
- Eu?!

8- PONTO-E-VÍRGULA ( ; )

a) separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, de uma seqüência, etc.
Ex.: Art. 127 – São penalidades disciplinares:
  I- advertência;
 II- suspensão;
III- demissão;
IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
 V- destituição de cargo em comissão;
VI- destituição de função comissionada.

b) separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já tenham tido utilizado a vírgula.
Ex.: “O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os
lábios grossos, o inferior um tanto tenso (...) " (O visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)

9- TRAVESSÃO ( - )

a) dar início à fala de um personagem
Ex.: O filho perguntou:
- Pai, quando começarão as aulas?
b) indicar mudança do interlocutor nos diálogos
- Doutor, o que tenho é grave?
- Não se preocupe, é uma simples infecção. É só tomar um antibiótico e estará bom
c) unir grupos de palavras que indicam itinerário
Ex.: A rodovia Belém-Brasília está em péssimo estado.

Também pode ser usado em substituição à virgula em expressões ou frases explicativas
Ex.: Xuxa – a rainha dos baixinhos – será mãe.

10- ASPAS ( “ ” )
a)isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares.
Ex.: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu admirador.
A festa na casa de Lúcio estava “chocante”.
Conversando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a mim requerido.

b) indicar uma citação textual
Ex.: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala”. ( O prazer de viajar - Eça de Queirós)

Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer necessário a utilização de novas aspas, estas serão simples. ( ' ' )
   

terça-feira, 26 de maio de 2015

SINAIS DE PONTUAÇÃO :: Aprende Português

SINAIS DE PONTUAÇÃO :: Aprende Português

ORTOGRAFANDO...: Regras básicas de pontuação

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